Introdução da semana do povo brasileiro com um assunto muito profundo.
A Cosmovisão no processo de ensino-aprendizagem num ambiente intercultural
A visão de mundo não se percebe de modo simples e repentino, pois está intrinsecamente relacionada ao todo da sociedade, sendo ela a regedora de toda a sua existência bem como aquela a partir da qual se elaboram o círculo de crenças, valores, normas, leis, e atribuições de significados a representações simbólicas em torno dos quais a sociedade se articula e define seu comportamento. Aderindo-se a distinção entre cosmovisão e cultura, como sendo a primeira à que se relaciona a concepção de mundo enquanto à segunda estaria atribuída os costumes, valores, crenças, atribuições de significados e formas de vida, seja conforme a perspectiva levistraussriana conceituando cultura como sistemas estruturais, ou segundo a visão geertziana definindo-a como sistemas simbólicos, resultante da concepção e percepção que uma determinada sociedade tem do mundo ao seu redor, pode-se conceber estas diferenças como um fator limitador ao processo de ensino-aprendizagem no contexto intercultural.
No que se refere à cosmovisão, esta pode se fazer objeto de grandes conflitos e portanto um ponto de limitação no processo de ensino-aprendizagem no contexto intercultural, sobretudo num ambiente onde ocorre o encontro das duas mais diferentes posições frente à visão e interpretação de mundo, estabelecidas entre a cosmovisão ocidental, e a visão de mundo holística, ou, dicotomismo X holismo, sendo esta a mais presente nas comunidades tradicionais cujos membros constituem participantes das escolas urbanas em número cada vez mais significativo.
Estas comunidades não concebem a educação como uma área exclusiva, separada das demais esferas do universo, e isto está explícito nas palavras de Edilson, professor Pataxó, BA, quando disse que “o professor deve ser um pesquisador, um acompanhante de todos os trabalhos dentro de sua comunidade, seja em momentos de alegria ou de tristeza, porque eu estou com a idéia de que a escola está em todo lugar.” (apud RCNE/Indígena, 1998, p. 77). Nestas sociedades o conhecer, segundo as palavras de Aranha (1989), é “um processo que se faz no contato do homem com o mundo vivido.” (p. 271). Ao passo que o ocidentalismo trata de maneira a separá-la, enquadrada no seu compartimento.
Escrito po Dionéia Freitas
Aula de cosmovisão com o professor Luiz Oliveira.